3 de nov. de 2006

Poesias

Do desejo

Hilda Hilst

Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos,
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo.
Por que não posso Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora

E tudo isso em nós que se fará disforme?


Poema enviado por Liana para reflexões no Contraponto

03/11/06

Nenhum comentário: